Percebi que Manoella estava diferente, mais tensa, distante
e preocupada. Não era nada relacionado a faculdade nem algum problema com o
nosso relacionamento. Ou será? Será que ela está triste ou com raiva por alguma
coisa que eu fiz, ou deixei de fazer? . Quando seu pai, seu irmão e Bernadete
entraram em casa, peguei um vinho na geladeira e duas taças.
Sentamos na beira
da piscina e ficamos vendo as estrelas e conversando.
-Pode ir falando, amor...
-oi?-ela sorriu pra mim, estava distraída tomando seu vinho
-O que você tem? Está acontecendo alguma coisa? Eu fiz algo
que você não gostou?-disse alisando seu cabelo e colocando-o atrás de sua
orelha.
-Luan, eu não sei como te dar essa notícia... –ela parecia
aflita, olhava profundamente nos meus olhos que já estavam marejados. Ela
estava grávida? Meu coração acelerou e antes que ela completasse a frase, a
interrompi:
-Você tá grávida? Manu, pelo amor de Deus! –disse com a mão
em meu peito.
-Não amor, não estou grávida! – ela sorriu e soltei minha
respiração. Um filho seria maravilhoso, principalmente ter um filho com ela,
isso era um dos meus maiores sonhos, mas não era o momento certo. – Eu recebi
um proposta, melhor dizendo, surgiu uma oportunidade única pra estudar em uma
das melhores universidades do mundo inteiro... –meu coração errou a batida, ela
iria embora e me deixaria?
-Vo-você vai embora? –gaguejava, aquela era uma das piores
notícias que havia recebido. Logo quando tudo estava certo, eu havia finalmente
encontrado alguém que me compreendia em todos os sentidos, e ela simplesmente
diz que vai morar em outro páis? Vai pra longe de mim? – Manoella, você não
pode fazer isso comigo.-disse com a voz embargada, o choro estava preso na
garganta. Estava sem chão.
-Amor, eu ainda não sei. Preciso fazer uma prova, quer
dizer, uma sequência de provas, como etapas, e elas são muito complicadas,
talvez eu nem passe para a segunda fase. –ela disse enxugando minhas lágrimas
de dor, as quais, já rolavam pelo meu rosto.
-Você vai passar, você é muito inteligente e vai passar sim!
Que país você vai estudar?
-Inglaterra, em Londres. –dizia suspirando e enxugando suas
lágrimas. –Luan, me entenda! É uma oportunidade única.
-Seu sonho, você me disse que sempre sonhou em morar em
Londres. Pronto, você vai realizar seu sonho, será uma médica conceituada. E
eu, amor? Como eu fico? Vou te esperar até terminar sua faculdade? Ou mais?
Porque você vai continuar estudando lá, vai fixar sua vida em Londres. E eu? E
o NOSSO AMOR? –as lágrimas teimavam em escorrer pelos meus olhos, ela me
abraçou forte e choramos juntos.
-Amor, também é muito difícil pra mim! –disse ela enxugando
minhas lágrimas e beijando meus lábios. A apertei mais em mim e a beijei forte.
Ela era minha, a minha menina, a minha princesa. MINHA, somente MINHA. E vai
assim? Escapando pelos meus dedos como areia?
Permanecemos uns tempos abraçados, sentido o seu cheiro e
provando seu gosto. Não sei ao certo quanto tempo permanecemos assim, mas já
era bastante tarde.
-Você quer subir? –perguntou-me com os olhos inchados de
chorar, acho que os meus também estavam assim.
-Vamos!
Guardei o restante do vinho na geladeira e coloquei as taças
no balcão da enorme cozinha. Subimos e logo fomos para seu quarto, aquela
notícia tinha mexido completamente com meus pensamentos, a sensação de
insegurança e medo era horrível. Saber que não vou tê-la em meus braços é
assustador. Manoella foi para o banho enquanto eu tentava me distrair
assistindo um filme qualquer que passava na televisão. Havíamos conversado e
combinamos que iríamos aproveitar ao máximo no tempo livre juntos, e com nossas
famílias. A prova seria em um mês,mas ela iria passar pelas 5 fases
classificatórias. Estava muito feliz por ela, afinal nunca vi alguém tão
empenhado em sua formação profissional, entretanto, não agüentaria namorar a
distância, não saberia se agüentaria apenas conversar pela web cam e me
contentar com sua voz pelo telefone. Sei que estou sendo muito egoísta, mas não
poderia pedir para ela ficar. Era o seu sonho que estava em jogo, era uma
oportunidade única como ela mesmo dizia, mas será que ela não poderia ficar
aqui no Brasil mesmo? Existem tantas universidades boas nesse país, ela tinha
que ir embora, para longe de mim e de sua família?
Estava sentindo muito calor, e precisava de um banho. Logo
desci as escadas para pegar minha mochila que deixei no sofá quando cheguei. Já
no corredor, de volta, ouvi a voz do seu Marcos, sua voz tinha um tom
autoritário e preocupado. Ele estava discutindo com Berê.
Parei perto da porta
de seu quarto, prendi a respiração e ouvi algo que nunca queria ter ouvido,
então todo o motivo dos choros de Manu seriam em vão? Ela estaria sofrendo à
toa? Não poderia acreditar no que ouvi.
-Não, Bernadete! Não, ela não pode saber que você é a
verdadeira mãe dela. Nosso acordo foi claro, há 20 anos atrás! Você ficaria um
tempo apenas para amamentar a Manu, e depois sumiria do mapa! Mas não, a Olívia
se apegou a você, a Manu se apaixonou por você e pronto, você foi ficando!
-Mas ela é minha filha! Tem o direito de saber. Você não
sabe o quanto me dói quando ela me chama de “mãezinha” e eu não poder
responde-la chamando-a de “filha”.
"Quero saber realmente o que vocês estão achando da fanfic, a história vai começar a desenrolar agora! Me diga pelo twitter? @juliaceledonio ou @lsolhapramimce. Qualquer dúvida perguntem no meu ask: http://ask.fm/juliaceledonio ! Beijos mil!