Capítulo 55.

Um ano havia passado desde nossa despedida. Meu pai, Lucas e Berê vieram-me visitar duas vezes. A universidade era um sonho perfeito. Incrível. Fiz muitos amigos, entre eles Louise e Richard. Louise era francesa, e Richard escocês. Tornamo-nos amigos-irmãos., morávamos perto e sempre saíamos juntos para baladinhas e barzinhos no tempo livre. Eu os ensinei português, como cada um me ensinou um pouco de sua língua-mãe. Richard tinha facilidade, ele tem uma tia que é brasileira e sempre conversa com ele em português.

-P-Ã-O..- Soletrava a palavra e mostrava um pedaço de pão à Louise. Ela tinha problemas com som nasalizados, o que era motivo de risadas entre eu e Richard.

-P-A-O- Ela tentava, era difícil, mas ficava um som mais engraçado que o outro a cada nova palavra. Eu e Richard ríamos muito, ela fazia birra como uma menininha de 10 anos, mas ria também.

-Não tem jeito, Manu, à Loui não aprende! Haha- ele se gabava por falar tão bem.

Estávamos estudando Anatomia, já havia amanhecido e logo deveríamos nos arrumar pra faculdade.

-Sim, vamos tomando banho, girls! Já tem aula e provaaaa- Richard fazia o terror em nós duas, sempre dizia que não estava sabendo de nada, mas sempre se dava bem.

Após um dia cansativo e estressante, apenas eu e Rich fomos a um barzinho. Era sexta-feira, e como no Brasil, as pessoas se reuniam para beber e conversar. Depois de fazer nossos pedidos, ele pegou em minha mão e disse:

-Manu, comprei dois ingressos para o show do Luan Santana, aqui. Disse puxando um envelope de seu casaco.- Vamos?

- Tem certeza?- estava surpresa, a última notícia que tive de Luan era que ele estava namorando à Jade e pelas fotos que vi, os dois estavam muito bem. Felizes. Aquilo doeu. Eu o amava muito, mas quem ama de verdade, deixa o outro ser feliz, mesmo que seja longe. Richard tornou-se uma pessoa especial pra mim. Ele e Louise me ajudam todos os dias a vencer meus medos e minhas inseguranças. Eu e Richard já ficamos algumas vezes, mas ele sabe que amo outra pessoa, mas não sabe que eu amo Luan. O Luan Santana... – Rich, tem certeza? Você não gosta desse tipo de música, e...

-E nada, nós vamos! Eu sei que você gosta desse cantor, e eu quero fazer suas vontades..- ele me mimava constantemente

-Você é um fofo, obrigada! Sim, nos vamos!- sorrimos e ele me beijou.

Quando eu estava com Rich tudo parecia ser mais fácil, mais leve, menos doloroso. Ele está me fazendo um bem enorme, e se duvidar, mais no futuro, tomara que possamos namorar sério.

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Beijos!

 

Capítulo 54.

#Manoella narrando.

Eu, meu pai e Berê conversamos durante horas.  Foi uma conversa dolorosa, mas ao mesmo tempo reconfortante. Após dois dias Luan veio conversar comigo, eu já estava melhor, mas também havia decidido estudar em Londres sem mesmo ter feito a seleção que era necessária. Conversamos durante longas horas, às lágrimas foram inevitáveis para ambos, porém eu o deixei livre. Não estava dando certo mesmo. Ele tinha todo direito de viver sua vida, e não deveria estar preso a mim. Havia tomado essa decisão, apesar de estar com o coração dilacerado.

Na sala de embarque, prestes a pegar meu voo meu celular toca. Era Luan. Sua voz estava embargada, como a minha.

-Por favor, pelo nosso amor, por tudo que vivemos, não vá embora de mim, princesa. Eu preciso de você. –disse ele chorando. Minhas lágrimas corriam pelo meu rosto como uma cascata.

-Sinto muito, mas não posso e não devo. Em todas às vezes que usei o coração acabei me ferindo. Preciso usar a razão desta vez. Eu volto, mas daqui a muito tempo. – Enxuguei minhas lágrimas e quando me virei, ele estava em minha frente. Usava um casaco preto, de óculos escuros e touca preta. Ele estava de luto como eu estava. Foi uma reação instintiva.

 Abraçamo-nos fortemente e nos beijamos demoradamente. Saberíamos que poderia ser nosso último beijo.

-Por favor, por favor, fica..-disse Luan com a voz abafada, perto dos meus cabelos e beijando minha cabeça.- Eu te amo..

-Luan, - o afastei de mim, - viva sua vida! O futuro a Deus pertence. Um dia ficaremos juntos, hoje não.

-Mas eu te amo...- ele insistia

-Falar que ama não basta, não hoje..-o abracei e beijei sua testa- Te amo!

Saí da sala de embarque, sem olhar pra trás. Não aguentaria ver meu menino chorando...chorando por mim.